terça-feira, 27 de outubro de 2009

Recortes + Dossiê na área


"O plástico é a morte da cor. Isso é uma teoria deles [os espanhóis] com a qual eu assino embaixo. O jovem hoje não sabe enxergar o vermelho, ele sabe enxergar o vermelho do plástico. Uma vez eu estava vendo Dois Destinos, numa cópia de vídeo, ruim, dentro do quarto, e mesmo assim você via aqueles tons de branco, com suas nuances. Aí meu filho, com 16 anos, entrou lá e falou: “Putz, pai, que fotografia feia.” Eu quase dei uma porrada na cara dele. Falei: 'Ah, vai tomar no teu cú'. 'Fotografia feia? O cara se matou para conseguir chegar o mais próximo possível da maior pintura do mundo, seu idiota'."
A Zingu! desse mês tem um Dossiê completíssimo do Carlos Reichenbach, com direito a uma entrevista gigante de onde saiu esse recorte que cita a obra-prima de Zurlini. Leiam, assistam Reichenbach e assistam Zurlini (pra descobrir que até a Itália é cruel com seus grandes artistas).

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Dois novos cineclubes da Baixada.

Na semana que passou, dois novos cineclubes começaram a funcionar pela baixada. O Cineclube Donana, em Belford Roxo, no tradicionalíssimo Centro Cultural Donana e o CCN (Clube de Cinema de Nilópolis), no Teatro Municipal Tim Lopes.
No Domingo, dia 4, o Donana abriu as portas para uma sessão infantil com a animação "A Viagem de Chihiro", destribuindo pipoca pra molecada das redondezas, e logo após se expandiu para o público com a exibição do simpático "Saneamento Básico", último longa do Jorge Furtado. O legal é que, por o espaço não ser um auditório, o clima informal dá o tom especial as sessões: todo mundo esparramado em tapetes e puffs, tão a vontade que é perfeito pra eventuais cochilos.
Sexta, dia 9, o CCN estreiu de baixo de muita chuva, com um público reduzido, exibindo o documentário "Novos Lares", do jornalista nilopolitano Radamés Vieira. O filme busca expor fatos e memórias acerca da imigração de judeus do leste europeu para Nilópolis, por volta dos anos 20 e 30. O diretor introduziu o filme, que rendeu um pequeno debate no final. No Teatro Tim Lopes, temos a impressão de estar num antigo cinema de rua, com suas poltronas confortáveis desbotadas mostrando espumas, colaborando pro clima saudosista que o Clube já trás no nome (durante anos 40 e 50, a maioria dos cineclubes eram "clubes de cinema").

Cada qual com sua proposta, os novos cineclubes vêm confirmar a espontêniedade do movimento na Baixada, provando que não estamos mais falando de "projetos de inclusão" ou de carência cultural. O melhor é que dessa vez não foi necessário alguém de fora cair de para-quedas, criar uma atividade e justificar seu ato através dos famosos discursos que exaltam o agente em detrimento do meio. Quando é necessário, as coisas acontecem por elas próprias. Não tem mistério.
É mais uma vitória do público. Filmes são feitos para serem vistos.

sábado, 10 de outubro de 2009

Carta aos frequentadores.

Freqüentadores e demais,

Primeiro, gostaria de me desculpar novamente pelo cancelamento em cima da hora da sessão, por mais que eu não tenha que fazer isso. Pra mim, isso foi um vexame: divulgar uma sessão, preparar o material gráfico, fazer a pesquisa e rever o filme inúmeras vezes pra afinar o debate é um exercício que só se torna completo quando chega a exibição.
Foi com um telefonema de rotina, que por segurança faço toda tarde de sábado de Goteira, que um funcionário da Secretaria me informou que a única caixa de som que ainda funcionava estava ruim. Ou seja, só fiquei sabendo disso porque eu liguei pra eles.
Vocês, que freqüentam o cineclube, sabem que as condições da sala beiram a precariedade há muito tempo. Apesar da nossa insistência em fazer acontecer – em dar público e movimentar o espaço e a cidade –, não vimos nada sendo feito para solucionar nem mesmo parte dos problemas. Muitos viram, durante a sessão da MFL2009, uma das caixas de som torrando e nosso salvamento heróico através de uma gambiarra. Nosso salvamento.
Tais problemas traziam limitações às intenções do cineclube. Cineastas consagrados que topavam acompanhar uma sessão no cineclube ficaram “na reserva”, pois eu não achava justo receber uma pessoa importante e exibir seu filme destorcido pelo projetor e com o áudio estourado.
Isso não inclui apenas a parte física da sala, mas também outras questões de organização para a Prefeitura receber sessões aos sábados. Em pequenas coisas como pedir para deixar a porta da rua aberta ou, ao menos, acender as luzes do salão principal, sempre recebemos respostas grosseiras dos seguranças. Em contrapartida, não foram poucas as pessoas que, vendo a porta fechada com tudo apagado, deram meia-volta achando que não havia ninguém.
Vale comentar aqui uma experiência que tive durante a 4ª Baixada Animada, em que fiquei responsável pelas exibições em Mesquita. A Secretaria nos conseguiu duas ótimas caixas de som provisórias previstas para toda a mostra, de 3 dias. No meio do segundo dia, minutos antes de uma das sessões com o público dentro da sala aguardando, uma tropa de funcionários entra na sala e leva as caixas para outra atividade. “Ordens do Prefeito”.
Sendo assim, na impossibilidade de medidas ou soluções concretas, minha idéia inicial é agradecer à Secretaria de Cultura pelos anos de parceria e aprendizado, aproveitando o mesmo aperto de mão para me despedir e desejar sorte para o audiovisual da cidade. Agora, é pensar com a ajuda de vocês uma alternativa para seguir com as exibições. A gente sabe que isso não vale de nada, mas já faz parte da cabeça e do cotidiano de muita gente.

MT

SESSÃO CANCELADA!


Só hoje um funcionário da secretaria me informou que A SALA NÃO ESTÁ EM CONDIÇÕES de realizar a sessão. A ÚNICA CAIXA DE SOM que ainda funcionava FOI PRO ESPAÇO.

Desculpem a urgência, mas fui informado disso faz 10 min. Peço mil desculpas pelo acontecido, e informo desde já que 1) não existe mais cinegoteira ou 2) não acontecerá mais na Sala de Cinema Zelito Viana.

Stress logo em dia de jogo do América.

Desculpem.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Programação de Outubro - 10/10 às 19h

 FOFÃO - A Nave Sem Rumo
(1988, Adriano Stuart, 70')

Uma perigosa microcélula que contém um grande segredo é implantada no nariz do nosso herói fofão. Um segredo capaz de transferir pessoas para outra dimensão do universo, nesta eletrizante aventura espacial. Batalhas entre amigos e inimigos do Fofão enquanto alienígenas invadem e dominam a nave da Fofolândia para roubar a microcélula. Totalmente desgovernada e em rota de colisão contra um asteróide, a nave segue sem rumo por esta divertida aventura, cheia de ação e efeitos especiais.

"Obviamente, 'Fofão e a nave sem rumo' é um filme com muitas limitações, como os ridículos efeitos especiais, roteiro deficiente e diálogos incrivelmente estúpidos. Mas, se a intenção era divertir, Stuart acertou em cheio, e risadas não vão faltar. Chega a ser lamentável que esse grande clássico do neo-trash de ficção científica infanto-cômico tenha sido o último filme dirigido por ele, pois sua competência em fazer rir do tosco com certeza daria mais brilho às fracas produções infantis (ou apenas pueris?) atuais."
Filipe Chamy, para a Zingu!

"Em geral, os textos são ingênuos e fazem uma ponte óbvia com as nossas velhas chanchadinhas, mesmo com um leve (muito, muito leve) tom de sacanagem em alguns momentos. Eu chamo o humor desses filmes de "humor de impulso", já que na maior parte das vezes as gags e piadinhas são jogadas como detalhes dentro de um trecho linear."
Eu, Matheus, comentando a obra de Stuart num antigo blog.

ADRIANO STUART! NAVES ESPACIAIS! MICROCÉLULAS! CLONES DO MAL! SATÃ! EFEITOS ESPECIAIS! ROBÔS TOSCOS! PIADAS ELETRIZANTES! ANOS 80! FOFÔLO! CRIANÇAS NINJAS! VILÃ GOSTOSA e muitas outras emoções que os farão derramar lágrimas de alegria.

Sábado, 10/10, às 19h
Sala Popular de Cinema Zelito Viana
Av União - s/n - Centro, Mesquita
Entrada Grátis
(Afinal, você pagaria pra assistir isso???)

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Entrevista com Claudino

Segue uma entrevista com Claudino de Jesus, presidente do CNC e vice-presidente da FICC, durante um encontro Ibero-Americano de Cineclubes no IV Festival Atibaia Internacional do Audiovisual. Claudino levanta as questões dos direitos do público e da situação do cinema brasileiro, lembrando Paulo Emílio ao final. Vale a pena dar uma olhada.